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Velho pra quê?

O preconceito vem desde sempre e precisamos estar preparados para enfrentá-lo

Renata Sorrah - Wilma da novela Vai na Fé - preconceito, potencialidade - Velho pra quê?
Renata Sorrah esbanja talento com a atriz que relembra sucessos em "Vai na Fé" (TV Globo/Divulgação)

*Katia Brito

Os anos vão passando e por melhor com a vida que você esteja, um dia já pode ter feito essa pergunta: “será que não estou velho demais para isso ou para aquilo?”. Não importa o assunto, não é difícil surgir esse questionamento, na maioria das vezes, imposto pela sociedade que cobra juventude que não é eterna. É um tipo de preconceito etário, de idadismo, culturalmente enraizado, como se tivéssemos um prazo de validade.

Muito pelo contrário, cada vez mais nosso prazo de validade se expande, nossa mente avança em horizontes jamais imaginados. Cuidando do corpo e da mente, uma vida longeva é o destino mais provável. Então por que não precisamos nem chegar aos 60 anos, quando legalmente pelo Estatuto da Pessoa Idosa, somos considerados idosos para sermos considerados ultrapassados, velho para isso ou aquilo?

Sheron Menezes - Vai na Fé - preconceito etário

Na nova novela das sete da Globo, “Vai na Fé”, a protagonista Sol, vivida pela atriz Sheron Menezzes (Foto: TV Globo/Divulgação), de 39 anos, é uma mulher jovem, que poderia ter por volta de 40 anos, com duas filhas, e volta a ser dançarina, revivendo um sonho interrompido na juventude. Não se trata apenas da questão religiosa abordada na novela, já que ela é cristã, mas também da idade em que ela volta a dançar. O preconceito etário se revela, e por outro lado, inspira outras mulheres de faixas etárias semelhantes que a vida reservou mais para elas, é preciso sonhar e buscar realizar os sonhos.

No mesmo núcleo, a experiente Renata Sorrah, 76, vive Wilma, uma atriz que relembra os grandes momentos da carreira e se queixa da falta de espaço para mulheres da sua idade na dramaturgia. Ela gerencia a carreira do filho, o cantor para quem o personagem de Sheron trabalha. Por vezes, o idadismo também surge em cena contrastando sua experiência com as aspirantes ao sucesso da vez que cercam o filho. Na história também os talentosos Claudia Ohana, 60, e Zé Carlos Machado, 72, que abandonaram a cidade para aproveitar a vida de forma diferente. Assim como Sol, mostram que a idade não é um limitador.

O idadismo está presente desde sempre infelizmente, e não é só história de novela. Não começa aos 60 anos, está presente desde que achem que você não tem mais o que oferecer, que se está velho para determinadas atividades, porém sempre teremos algo a contribuir seja qual for o momento da vida. 

Um olhar que fica mais atento ao entrar em contato com a gerontologia, área em que me especializei, e participar de projetos como o Glossário Coletivo de Enfrentamento ao Idadismo, da Longevida Consultoria e diversos parceiros pelo Brasil, que já prepara uma nova edição. A certeza é que com corpo e mente sãos vamos longe, nos reinventamos, ressignificamos a vida e seguimos em frente. 

*Artigo desta jornalista Katia Brito, publicado originalmente na revista Magazine 60+

(Crédito das fotos: TV Globo)

 

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