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Vacinação evitou a morte de até 63 mil idosos, segundo estudo

Pesquisadores do Observatório Covid-19 BR afirmam que a imunização evitou a mortes e também preveniu internações

Vacinação evitou morte de pessoas idosas - Imagem Prefeitura de Recife
Em março do ano passado, Recife (PE) iniciava a vacinação contra covid-19 de pessoas idosas acima de 70 anos (Foto Rodolfo Loepert/PCR)

A estratégia de vacinação em massa contra a Covid-19 evitou a morte de 54 mil a 63 mil pessoas com 60 anos ou mais entre janeiro e agosto de 2021. As estimativas foram apresentadas por pesquisadores do Observatório Covid-19 BR em artigo publicado no periódico The Lancet Regional Health Americas. Segundo o trabalho, nesse mesmo período, a imunização preveniu de 158 mil a 178 mil internações de idosos nos hospitais brasileiros. Informações da Agência Fapesp.

O trabalho teve apoio da FAPESP e contou com a participação de grupos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Fundação Oswaldo Cruz, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Universidade Federal do ABC (UFABC) e Universidade de São Paulo (USP).

Para chegar a esses números, os pesquisadores se concentraram nos primeiros meses em que as vacinas começaram a ser aplicadas no país e nas faixas etárias dos idosos, os primeiros a completarem o esquema vacinal pelo calendário do programa de imunização.

A sobreposição da curva de mortes e hospitalizações por Covid-19 na população brasileira, sobre a curva similar nos grupos de idosos que estavam sendo imunizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2021 evidenciou a correlação positiva entre vacinação e prevenção de mortes e casos graves: quanto mais crescia a cobertura vacinal nos idosos, menor era o impacto da infecção pelo SARS-CoV-2 nesses grupos com 60 anos ou mais. A partir daí foi possível observar uma redução de aproximadamente 35% nas internações hospitalares de idosos de janeiro a agosto de 2021.

Tomando-se por base que cada pessoa hospitalizada teve, durante a pandemia, um custo médio no Brasil de US$ 12 mil, evitar de 158 mil a 178 mil internações representou uma economia estimada de US$ 1,9 bilhão a US$ 2,1 bilhões ao sistema de saúde, impacto comparado pelos pesquisadores no artigo aos US$ 2,2 bilhões investidos em imunizantes pelo país no período analisado, até agosto de 2021.

“O número de casos graves em idosos começou a descer, enquanto o número de hospitalizações entre pessoas mais jovens continuava a subir. Esse comportamento é devido à vacinação na população mais idosa. Esta é a variável explicativa para a diferença entre as duas faixas etárias”, explica à assessoria de imprensa da Unesp o pesquisador Leonardo Souto Ferreira, primeiro autor do artigo e pesquisador do Instituto de Física Teórica (IFT-Unesp).

Vacinação poderia ter salvo mais vidas

Os pesquisadores também construíram outros dois cenários para dimensionar quantas vidas poderiam ter sido salvas e quantas hospitalizações poderiam ter sido evitadas caso a vacinação em massa contra a Covid-19 começasse com o ritmo de aplicação de doses mais acelerado, como o verificado quatro semanas depois e oito semanas depois da data inicial da imunização, em 18 de janeiro de 2021. Esses cenários são descritos como de moderada e alta aceleração da imunização, respectivamente.

As estimativas indicam que outras 47 mil vidas de idosos poderiam ter sido salvas e aproximadamente um adicional de 104 mil hospitalizações poderia ter sido evitado num cenário de maior aceleração das imunizações.

“Ainda que não pudéssemos evitar a emergência da variante gama, visto que ela surgiu em novembro e as vacinas foram disponibilizadas em janeiro, uma vacinação rápida poderia diminuir consideravelmente o pico de hospitalizações e óbitos, especialmente entre idosos e principalmente nos Estados em que essa cepa demorou um pouco a chegar”, afirma a pesquisadora Flávia Maria Darcie Marquitti, do Instituto de Física Gleb Wataghin e do Instituto de Biologia, ambos da Unicamp.

O estudo destaca que, em meados de 2021, a imunização da população brasileira cumpriu um “papel decisivo” para impedir uma nova onda severa de hospitalizações e mortes quando outra variante de preocupação do SARS-CoV-2, a delta, começou a se disseminar pelo país e tornar-se predominante. Àquela altura, a vacinação já estava em ritmo bastante acelerado, similar ao de campanhas anteriores, como na aplicação de doses contra o vírus H1N1 em 2010, quando o SUS vacinou 88 milhões de pessoas em três meses. “Quando a delta chegou, encontrou dificuldade maior de circular”, diz Marcelo Gomes, coautor do estudo e pesquisador da Fiocruz.

Os pesquisadores destacam que as vacinas de primeira geração contra a Covid-19 permitem que o nosso organismo “aprenda” sobre determinado vírus sem que a pessoa sofra o impacto da infecção trazida por ele, evitando o risco de agravamento e de morte. “Isso precisa ficar muito claro para a nossa população. As vacinas têm um impacto social tremendo, não só direto quanto indireto. Quanto menor for o número de internações, melhor podemos alocar os recursos para atender aqueles que ainda assim acabam agravando ou que sofrem de outras doenças”, pontua Gomes.

Apoio

Além da FAPESP, os autores também receberam apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Inova Fiocruz.

O artigo Estimating the impact of implementation and timing of the COVID-19 vaccination programme in Brazil: a counterfactual analysis pode ser lido em: www.thelancet.com/journals/lanam/article/PIIS2667-193X(22)00214-9/fulltext

(O texto original, com informações da Unesp e da Fiocruz, foi publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui)

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