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Setembro Amarelo: prevenção ao suicídio e defesa da saúde mental

Setembro amarelo

O mês de setembro é marcado por debates importantes, como a prevenção ao suicídio com a campanha Setembro Amarelo. A data símbolo é 10 de setembro, Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, o que motivou a criação da campanha trazida em 2014 para o Brasil pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM).

São muitos os estigmas em torno do tema. O dr. Marcel Fúlvio Padula Lamas, médico responsável pela psiquiatria do Hospital Albert Sabin, em São Paulo, explica que pensar em suicídio não significa o desejo de morrer: “A pessoa não quer exatamente cometer o suicídio, quer viver e viver bem. Mas há uma neblina. Ela vê o mundo como se não tivesse mais sentido, não valesse a pena”. Aproximadamente 95% dos casos de suicídio são relacionados a transtornos mentais, como depressão e transtorno bipolar.

Campanha Setembro amarelo

A pandemia, segundo o especialista, aumentou o isolamento social, o medo da população nos mais diversos aspectos, piorou o padrão econômico de milhões, gerando uma série de novas preocupações. Além das mudanças repentinas no dia a dia, como o uso da máscara e do álcool em gel. Lamas cita o exemplo de um paciente idoso que apresentou um quadro depressivo depois que demitiu funcionários.

Um estudo publicado recentemente sobre como a pandemia de Covid-19 e as medidas de bloqueio afetam a saúde mental da população italiana, confirma esse impacto. O levantamento, citado pelo psiquiatra, revelou altas taxas de resultados negativos de saúde mental devido a fatores como a quarentena, falecimento de pessoas queridas pela doença, desemprego e problemas financeiros e de relacionamento.  

Fatores de risco

Entre os fatores de risco, o psiquiatra destaca fazer parte de minorias étnicas e sexuais; isolamento social; desemprego; aposentadoria; vítimas de abuso físico, emocional ou sexual na infância; estado civil (divorciado, viúvo ou  solteiro); desesperança; doenças físicas; transtornos mentais, histórico familiar e tentativas previas.

Os fatores são divididos em precipitantes, provocados por situações extremas e imediatas (rejeição afetiva, perturbações familiares, envolvimento em um crime, etc), e predisponentes com situações que já ocorriam, questões crônicas por exemplo.

O especialista do Hospital Albert Sabin também destaca o comportamento suicida, como uma pessoa que é diabética ou hipertensa e não segue as recomendações e tratamentos. Fatores que podem anteceder ao suicídio em si. Também é importante estar atento a quem fala sobre a vontade de morrer e sobre não estar bem, a mudanças de comportamento e diminuição do autocuidado.

Pessoas idosas

Suicídio é grande entre idosos
Idosos precisam superar preconceito contra a psiquiatria (Imagem de Leroy Skalstad por Pixabay

Enquanto entre os jovens o índice é maior de tentativas, o psiquiatra alerta que entre os idosos há mais casos de suicídio. Os homens estão entre as principais vítimas por usarem métodos mais agressivos que as mulheres. Segundo ele, no Brasil há subnotificações e também contradições no conceito, como no caso de alguém que bebe, sofre um acidente de carro e morre, e de acordo com o pesquisador é ou não considerado suicídio.

A psiquiatria é estigmatizada, principalmente entre os mais velhos, de acordo com Lamas: “Os idosos viveram uma época em que os transtornos mentais não tinham os cuidados necessários. Imagens horrorosas de internações que geraram preconceito e o medo de ficar louco. É preciso aceitar a psiquiatria”.

Para pessoas idosas, os fatores que elevam o estresse são dores crônicas, doenças físicas e dores emocionais provocadas pela solidão e abandono. “A pessoa se sente sozinha, enquanto os mais jovens que foram cuidados por ela parecem não estar nem aí. Vivem um isolamento social importante também com o falecimento de pessoas próximas e a aposentadoria”, ressalta.

Proteção e cuidado

Medidas simples podem diminuir as chances do suicídio, como o apoio familiar e de amigos, como explica o psiquiatra: “Não menospreze o problema que a pessoa tem. Muitas vezes o idoso está com dores. A família às vezes vê que ele está reclamando e já não liga mais, trata como da idade, o que vai fazer a pessoa se sentir pior emocionalmente”.

Também é preciso se atentar se já houve tentativas anteriores, se há um quadro de saúde mental, não apenas em relação a depressão, como o abuso de álcool, esquizofrenia, transtorno bipolar, entre outros.  

O psiquiatra aponta o trabalho como um importante fator de proteção, assim como a religião e uma vida social ativa. E como em qualquer especialidade médica, a indicação é manter uma atividade física regular e dieta adequada, de acordo com os limites do corpo. O principal, porém, é não ter medo de falar. “Perguntar sobre suicídio não aumenta as chances, pelo contrário. A pessoa fala a verdade e tem o auxílio para se cuidar”, ressalta.

Campanha

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. Dado que marca a ação viral #DesafioDos40Segundos, lançada pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), que também promove o Setembro Amarelo, nas redes sociais Instagram e TikTok. A iniciativa envolve grandes nomes da internet em torno dessa causa tão importante.  O CVV oferece apoio emocional e prevenção ao suicídio pelo telefone 188 e pelo site cvv.org.br.

Conheça também o movimento Falar Inspira Vida, que chama a atenção para a saúde mental, especialmente na depressão. Leia mais no blog.

(Katia Brito / Imagem principal de Ulrike Mai por Pixabay )

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