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Os super idosos têm queixas de memória, mas têm desempenho acima da média

Super idosos memória desempenho cognitivo

Graciela Akina Ishibashi, Gabriela dos Santos e Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva*

De acordo com pesquisadores do Estudo Northwestem SuperAging, “Super Idosos” (SuperAgers) é o termo utilizado para representar pessoas com idade igual ou superior a 80 anos, que possuem um desempenho de memória episódica equivalente a pessoas 20 a 30 anos mais jovens. Tendo em vista que a memória episódica é um dos domínios cognitivos mais afetados durante o processo de envelhecimento não patológico, os pesquisadores utilizaram-no como fator determinante para diferenciar os Super Idosos.

O que a ciência tem estudado a respeito dos super idosos?

Na literatura, o conceito de “Super Idosos” apresenta algumas divergências.  De acordo com Neto (2022) não há definição de uma idade mínima para ser considerado parte desse grupo específico de pessoas com 60 anos ou mais, deste modo, autores utilizam como idade mínima 80, 75 ou até 60 anos. Além disso, Neto (2022) explica que essas divergências de idades tornam difícil a comparação entre os estudos. Outro ponto relevante é que alguns pesquisadores preferem utilizar a expressão “Supernormais” que abrange não apenas aspectos cognitivos, como também aspectos físicos e sociais.

Com esse novo conceito, estudos têm procurado diferenças estruturais entre os “Super Idosos” e outros idosos da mesma faixa etária. Exames de neuroimagem, por exemplo, indicam que diferente de idosos considerados normais, os Super Idosos apresentam uma menor atrofia cortical associada à idade, maior espessura cortical no giro do cíngulo anterior e maior volume do hipocampo (Neto, 2022). Isso significa, portanto, que a maior capacidade de desempenho cognitivo também está associada a características morfológicas cerebrais.

Atualmente, não há consenso na literatura sobre a causa determinante para o excelente desempenho cognitivo desses idosos. Existem, no entanto, um conjunto de fatores que influenciam a capacidade de desempenho das habilidades cognitivas, assim como as condições de saúde física e psicológica, tais como  aspectos ambientais, genéticos, socioeconômicos, entre outros.

Ser um super idoso é estar protegido de declínio cognitivo?

Apesar dos Super Idosos apresentarem um desempenho acima da média, esse grupo não está imune ao Declínio Cognitivo Subjetivo, caracterizado pela autopercepção de declínios na memória, atenção e outras habilidades cognitivas. Nesse sentido, ainda que apresentem diferenciais significativos em comparação a outros indivíduos idosos, queixas de memória podem ser relatadas.

Como se tornar um Super Idoso? Conforme mencionado ao longo do texto, não há uma resposta exata para esse questionamento, existem, porém, alternativas que podem auxiliar a manutenção da capacidade física, cognitiva, psicológica e social dos indivíduos, e assim, proporcionar uma melhor qualidade de vida, bem-estar e satisfação pessoal. Realizar atividade física, estar socialmente engajado e realizar exercícios cognitivos, são algumas dessas alternativas.

Autoras

Graciela Akina Ishibashi - pesquisadora grupo Thaís Bento

Graciela Akina Ishibashi

Estudante de Graduação do curso de bacharelado em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo. Realizou estágio no Centro Dia Bom Me Care entre os anos de 2019 a 2020. Atualmente faz estágio na área de pesquisa em treino cognitivo de longa duração pelo Instituto SUPERA – Ginástica para o Cérebro. Tem interesse na área de estimulação cognitiva com jogos. Já foi voluntária na Universidade Aberta à Terceira Idade da EACH-USP, atual USP60 + nas oficinas de origami, dança sênior e letramento digital.

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva

Gerontóloga formada pela Universidade de São Paulo (USP). Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método Supera.

Gabriela dos Santos - pesquisadora grupo Thaís Bento

Gabriela dos Santos

Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), é graduada em Gerontologia pela USP, com extensão pela Universidad Estatal Del Valle de Toluca. Assessora científica.

Referências

STUDART NETO, A. Estudo prospectivo dos perfis neuropsicológicos e de neuroimagem molecular e estrutural em coortes de idosos cognitivamente normais, com declínio cognitivo subjetivo e com desempenho excepcional de memória (SuperAgers). 2022. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo.

ROGALSKI, E. J. Don’t forget—Age is a relevant variable in defining SuperAgers. Alzheimer’s & Dementia: Diagnosis, Assessment & Disease Monitoring, v. 11, p. 560, 2019.

GOLDBERG, T. E. Comments about superaging and superagers. Alzheimer’s & Dementia: Diagnosis, Assessment & Disease Monitoring, v. 11, p. 564, 2019.

(Imagem principal: Banco de Imagens Freepik)

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