Como trabalhar a longevidade, enfrentando o desafio de mudar a cultura que valoriza a juventude? E não é só no mundo dos negócios e do trabalho, mas também quando em outros aspectos da vida. É preciso ser desbravadora, disruptiva e pioneira. Características que definem bem Monica Riffel, idealizadora da consultoria MaturiLab, criada em outubro do ano passado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Se em São Paulo há um novo olhar sobre a longevidade, com projetos e eventos voltados para esta parcela crescente da população, o mesmo não ocorre em outras tantas cidades. O desafio é grande mesmo na capital gaúcha. Segundo Monica, há mais eco das ações da Maturilab na região Serrana (que inclui cidades como Caxias, Bento Gonçalves e Gramado) que em Porto Alegre.
A Maturilab vem desbravando o tema, e trabalhando para derrubar barreiras e desafios do mercado de trabalho. Para muitas pessoas, as portas se fecham aos 45 anos. Monica ressalta a necessidade de rever a cultura das empresas e dos programas de aposentadoria. Geralmente a preparação para a saída da empresa é realizada apenas um ano antes. Outro desafio é a conexão com a finitude, já que para ela olhar para a finitude é olhar para a vida. E ainda aintergeracionalidade, com a união de pessoas diferentes, de gerações diversas, para construir resultados diferentes.
Entre os projetos da Maturilab, o evento Maturitalks que acontece mensalmente, de forma gratuita e já teve cinco edições. Segundo Monica, são sempre temas voltados para a maturidade com a presença de formadores de opinião. O objetivo é conscientizar os participantes e criar conexões. Em outubro, será realizado o Maturiday. Uma tarde com palestras, cursos e workshops sobre longevidade, oportunidades e novas perspectivas de negócios e o potencial de consumo do público 50+. Um dos convidados confirmados é o médico Emílio Moruguchi, também de Porto Alegre e referência em geriatria no país.
Um dos enfoques da consultoria é pensar a maturidade sem focar na questão cronológica. A ideia é despertar a consciência que é preciso se planejar desde cedo para o envelhecer. Parcerias vêm sendo feitas com universidades e entidades do comércio também para a inclusão de pessoas com mais de 50 e o incentivo à criação de novos produtos e serviços.
A consultoria trabalha ainda em treinamentos e workshops com coordenadores de projetos para a terceira idade do Sesc gaúcho. A ideia é despertar um mindset criativo para o desenvolvimento de novas ações para este público, como abrir espaços de escuta, novos jogos e dinâmicas. Para Monica, as pessoas de 60, 70, 80 anos de hoje querem viver coisas diferentes, têm outros comportamentos, olhares e propósitos.
Carreira
Graduada em Comunicação Social, Monica é pós-graduada em Marketing, Recursos Humanos e Psicologia Transpessoal. Também se reinventou depois dos 50, tornando-se coach e focando seu trabalho em carreira, gestão e liderança. Com o MaturiLab, faz parte do coletivo POA Inquieta, inspirado no trabalho realizado em Medelín, na Colômbia. A segunda maior cidade colombiana passou por diversas intervenções deixando de ser uma das mais violentas do país.
Em Porto Alegre, o coletivo pretende criar um cenário mais favorável, aproximando o centro da periferia, atraindo talentos que estão indo para outras cidades e países. “São palestras, trilhas do centro para a periferia que permitam entender diferentes realidades. Há gente empreendedora e representativa em todas as classes”, afirma.
Monica é articuladora do Spin 50+ do POA Inquieta e uma das questões é aposentadoria de servidores públicos. Num primeiro momento impactados pelo descanso, e depois em busca do que vão fazer. Para ela, as pessoas não param para pensar em uma atividade, em algo que dê sentido para a vida, que pode ser alcançado por meio do voluntariado, mentorias ou mesmo empreendendo. Conheça mais sobre a iniciativa gaúcha no site. (Katia Brito/Imagens: Reproduções LinkedIn e Instagram)
