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EducaMídia 60+ aborda temas diversos no combate a desinformação

Entrevista especial destaca a iniciativa a favor da educação midiática de pessoas 60+, combatendo fake news, golpes e a desinformação

EducaMídia 60+ - combate a desinformação, fake news, a favor da educação Midiática
Bruno Ferreira foi um dos palestrantes no Pré-Congresso do Envelhecimento Ativo, ao lado de Daniela Machado, também do EducaMídia, e Ricardo Pessoa, do SeniorGeek

Desde 2018, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) determina que comunicação e cultura digital devem ser competências a serem discutidas na escola, o que tem sido foco do trabalho do Instituto Palavra Aberta, com o programa Educamídia. A iniciativa criada para capacitar professores e engajar a sociedade no processo de educação midiática dos jovens, desde outubro de 2021 abrange também o público 60+, com o EducaMídia 60+.

Periodicamente, o projeto publica em seu canal do YouTube do 60+ vídeos educativos sobre temas diversos do universo digital, como golpes na internet, busca de informações, algoritmos, “fake news” e desinformação. E neste período eleitoral, o tema ganha ainda mais importância. Saiba mais nesta entrevista com Bruno Ferreira, jornalista, professor, Mestre em Ciências da Comunicação e especialista em Educomunicação pela ECA/USP. Ele é assessor pedagógico do Instituto Palavra Aberta e autor do livro “Jornalismo e educação: competências necessárias à prática educomunicativa”. Ferreira e Daniela Machado debateram o tema das fake news e a desinformação no Pré-Congresso do Envelhecimento Ativo, realizado no dia 24 de setembro na Câmara de São Paulo.

EducaMídia 60+ - combate a desinformação, fake news, a favor da educação Midiática - Bruno Ferreira

Nova Maturidade: O que motivou o trabalho com o público 60+? Como avalia a importância da educação midiática para este público?

Bruno Ferreira: O que motivou esse trabalho é o entendimento de que o público 60+ tem o direito de não apenas acessar o mundo digital, mas decodificá-lo, compreendê-lo e usufruir dele de modo consciente e crítico. Pessoas de outras faixas etárias são mais privilegiadas no que diz respeito ao letramento digital e midiático. Mas pessoas acima de 60 anos talvez tenham, hoje em dia, menos espaço para refletir sobre o uso desses recursos, uma vez que boa parte desse público já não frequenta escolas nem trabalha. 

Por essa razão, é importante que haja processos educativos e produtos de comunicação que contribuam para que sua inclusão digital seja crítica e livre de tabus. Dessa forma, estruturamos o Programa EducaMídia 60+ para chegarmos a este público diretamente, com vídeos e cartilhas, e indiretamente, formando possíveis mediadores que atuam com pessoas idosas.

NM: Em tempos de eleições, quais os principais cuidados para evitar ser uma fonte de desinformação?

Ferreira: Não apenas em período eleitoral, mas em qualquer ocasião, é importante desenvolver o hábito de questionar a informação em vez de simplesmente consumi-la e compartilhar informações de fontes confiáveis, como a imprensa profissional e as agências de checagem. É importante pensar também que nem todo vídeo, por mais crível que seja sua edição, pode ser uma deep fake, isto é, uma montagem muito bem feita, que imita perfeitamente a voz e a aparência das pessoas, especialmente se um vídeo dessa natureza não tiver claramente sua origem e autoria identificadas. Por isso, reforço, é importante acompanhar de agências de checagem e outros veículos de imprensa que certamente darão visibilidade a questões e fatos realmente relevantes e que, sobretudo, foram verificados.

NM: Quais as fake news mais comuns vocês têm identificado neste período eleitoral?  Por que as pessoas acabam reproduzindo, compartilhando esses conteúdos?

Ferreira: No período eleitoral, são comuns falas tiradas de contexto e falsas conexões para desqualificar um político, além de mentiras inventadas sobre eles, com a intenção de demonizá-los. Não apenas as pessoas com  mais de 60 anos, mas outras pessoas também acabam passando uma desinformação adiante porque elas confirmam crenças e valores que as pessoas já possuem ou porque apelam fortemente à emoção, causando indignação, choque ou raiva.

NM: Como trabalhar a responsabilidade de cada um não apenas no compartilhamento, mas também como produtores de conteúdo?

Ferreira: Quando discutimos cultura digital, no contexto do EducaMídia 60+, dizemos que hoje em dia, qualquer pessoa com acesso à internet e a plataformas digitais pode produzir conteúdos para audiências reais ou, ao menos, contribuir na disseminação de informações que recebe. Nesse sentido, procuramos evidenciar discutir a importância de usar esses espaços com responsabilidade, o que significa refletir sobre a intenção e o propósito do que se produz e sobre a confiabilidade de informações que passamos adiante.

NM: Quais os próximos passos do projeto? Vocês planejam oficinas?

Ferreira: Temos realizado algumas atividades com grupos de pessoas com mais de 60 anos, como o programa USP 60+ e o Circuito Butantã da Maior Idade, além de realizar palestras de sensibilização com profissionais que atuam em projetos com esses públicos. Nossa ideia é seguir com estratégias de comunicação junto a esse público, para subsidiar iniciativas voltadas ao letramento digital desse público.

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