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Desafios do envelhecimento*

“Ge … o que?” É o que se ouve geralmente quando se fala em Gerontologia, área em que vou me aprofundar ao longo dos próximos meses na pós-graduação. Segundo a definição da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia trata-se do estudo multidisciplinar do envelhecimento nos aspecto biológicos, psicológicos, sociais, dentre outros. E é justamente esta abordagem transdisciplinar o que mais me encanta nesta área. As primeiras aulas, por exemplo, tiveram como tema ética, bioética e os aspectos socioculturais e biológicos do envelhecimento.

Uma reportagem recente da BBC News Brasil destaca dados da Organização das Nações Unidas que apontam que há mais idosos de 65 anos que crianças de até quatro anos. No Brasil, as pessoas com mais de 60 anos atualmente correspondem a 14% de toda a população, participação que vai aumentar e muito ao longo dos últimos anos. Trata-se de um processo dinâmico e inerente a todos, mas não homogêneo. É um privilégio envelhecer, e devemos nos dar conta disso, cada um a sua maneira.

O país vive uma transição demográfica sem a devida preparação, como acontece em tantos outros segmentos. Com dificuldades desde os primeiros anos de vida, como será a chegada da grande maioria da população a idade madura? Educação e saúde são fundamentais, mas o acesso e a qualidade dos serviços oferecidos comprometem o desenvolvimento, com reflexos na falta de oportunidade e liberdade para concretizar sonhos e projetos.

No episódio “Envelhecimento” do programa Ciência Aberta, parceria da Fapesp com a Folha, divulgado este mês, Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade – Seção Brasil, fala do atrevimento do brasileiro em viver muito e como a desigualdade reduz a expectativa de vida.

Claro que há pessoas superando as adversidades. Muitos idosos se mostram mais ativos que os jovens e estão aproveitando esta fase da vida para recomeçar, se reinventar. E quando se pensa em estar ativo depois dos 60 anos, não se restringe apenas a prática de exercícios físicos ou a participação no mercado de trabalho, ao empreender. A população precisa ter voz, e não apenas nos palanques das redes sociais. Não basta ser ativista de sofá. A inclusão social deve ser abrangente, contemplando não só os idosos de hoje, como os muitos que virão, como eu e você.

Políticas públicas vêm sendo criadas há alguns anos, com destaque para o Estatuto do Idoso, de 2003, mas a prática tem sido diferente, como afirma Yeda Duarte, também no Ciência Aberta. Ela coordena o estudo Sabe (Saúde, Bem-estar e Envelhecimento) e é professora-doutora do Departamento de Enfermagem da USP. Na cidade de Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo, onde moro, a Política Municipal do Idoso data de 1999. Muito foi feito pelas administrações ao longo destes 20 anos, como as Academias da Terceira Idade e outros espaços destinados a convivência e a prática de exercícios, mas ainda há muito a se fazer para que as determinações do papel alcancem o dia a dia dos idosos. 

*Este artigo foi publicado em meu perfil do Linkedin.

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