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Presidente do Grande Conselho de SP destaca desafios para os idosos

Marly Feitosa Grande Conselho do Idoso São Paulo desafios

No Junho Violeta, marcado pelo dia 15 de junho, Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, o despreparo para o envelhecimento da população é apontado como uma das causas para o descaso com os idosos. A afirmação é da presidente do Grande Conselho Municipal do Idoso (GCMI) de São Paulo, Marly Feitosa, que em setembro completa 74 anos.   

“De uma maneira geral o idoso é olhado realmente com desdém no Brasil inteiro e talvez o mundo também, que não se preparou o nosso envelhecimento. Quando na minha vida eu pensei que ia viver tanto tempo. A minha mãe faleceu com 48 anos e já era uma senhorinha para usar um termo carinhoso”, conta Marly, ao contrário da mãe, pinta o cabelo, se sente plenamente capaz, com muitos sonhos e planos para serem realizados. “Fisicamente eu já estou sendo tolhida de algumas coisas, mas acordo fazendo planos. Eu mesma falo pra mim: ‘você não existe criatura’”.

Moradora da Zona Oeste de São Paulo, a presidente do Grande Conselho conta que a última vez que saiu do bairro onde reside foi em 17 de março para uma reunião em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) no Campo Limpo. Nestes 90 dias de distanciamento, a companhia é a filha.

O Núcleo de Convivência de Idosos (NCI) que frequenta tem feito atividades pelo WhatsApp e Marly tem saído apenas para ir ao banco, uma vez ao mês, e ao supermercado semanalmente. Porém, como é presidente do Grande Conselho, é bastante solicitada, o que não acontece com outras colegas que, segundo ela, estão entrando em um processo de depressão.

Diferente de outros conselhos, o Grande Conselho paulistano tem em sua composição 100% de pessoas idosas como representantes da sociedade. Aliás ter 60 anos ou mais é um dos requisitos para se candidatar. “Nós somos 45 e o poder público tem 15 representantes. Nós somos a maioria. Eu posso dizer que a composição 100% deliberativa somos nós. O Grande Conselho não é deliberativo, ele é consultivo, mas entre nós podemos deliberar algumas pautas”, explica Marly.

Ações

Se não houvesse a pandemia, nesse mês o Grande Conselho participaria da tradicional Caminhada Anual de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa, que percorre ruas do centro de São Paulo. Além da participação em seminários e encontros, mas, nesse período de pandemia, o grupo de conselheiros se mantém na retaguarda.

No dia 15 de junho, a convite da Coordenação de Políticas para a Pessoa Idosa da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, Marly participou de uma mesa virtual “Quando o cuidado vira violência” com a participação da coordenadora Sandra Gomes e as professoras dras. Deusivânia Falcão e Bibiana Graeff.

Quarentena

No início da quarentena, o Grande Conselho se manifestou pela página que mantém no Facebook no início da quarentena contra os memes de humor duvidoso com pessoas idosas, como já foi destacado no blog Nova Maturidade pela presidente da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG), Eva Bettine (leia mais aqui). “A gente estava muito indignado com aquelas brincadeiras idiotas, inclusive alguns idosos diziam: ‘é so para a gente rir’, mas não”, salienta.

Grande Conselho do Idoso São Paulo desafios

Marly também presenciou como foi o estigma do início da pandemia, quando se acredita que era uma doença de idosos. Quando estava em um ônibus, testemunhou um homem discutir com um idoso. “O idoso sem querer esbarrou nele e ele começou a fazer uma pregação: ‘o que é que esse idosos estão fazendo na rua?’. Eu pedi licença e falei: ‘Escuta, o senhor não sabe se a pessoa precisou sair para fazer comprar, se precisou ir na UBS. Aí ele quis dizer que não sabia porque tantos idosos estavam andando na rua e transmitindo a doença. Eu falei: ‘o senhor é um desinformado porque o senhor mesmo está aqui do lado do motorista, conversando com ele’, e naquela época ainda o motorista não tinha proteção nenhuma, ‘quem me diz que o senhor não está transmitindo para ele. ninguém sabe como é que transmite essa doença’”.  

Distanciamento social

Atenta aos desafios do distanciamento social, Marly pediu aos conselheiros que escrevessem sobre este período. “A gente percebe as coisas nas entrelinhas, na hora que for escrever. Estou pedindo para fazer um diário desses dias, desses meses, porque isso vai passar. A última fez que a gente teve reunião foi no dia 13 de março”.

Marly acredita que há idosos que podem estar sofrendo neste período de pandemia pela convivência forçada com a família: “Vamos imaginar que a família veio morar com o idoso ou ele foi morar com a família. Se ele era o único membro da família que ficava em casa sozinho, tinha certa liberdade e agora não tem isso”.

Caminho

Marly Feitosa Grande Conselho do Idoso São Paulo desafios

Para Marly, uma forma de amenizar o preconceito contra a população idosa são campanhas publicitárias recorrentes. “Às vezes eu vejo algumas propagandas que falam que a pessoa idosa é um nicho econômico e tem hora que fico meio bronqueada, mas acho que quanto  mais falar no assunto que o brasileiro esta vivendo mais, que ele precisa viver melhor com dignidade, com respeito é um alerta”.

Como exemplo da longevidade, Marly lembra de duas amigas com mais de 90 anos que são tataravós. “Eu me lembro que a palavra tataravô era uma coisa de ficção, de filme, romance, e eu tenho várias amigas que já tem tataraneto”. (Katia Brito / Fotos: Reprodução Facebook)

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