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Orgulho Prateado reforça combate ao ageísmo

Egídio Dórea Ageísmo Orgulho Prateado Centro Universitário Maria Antonia

O mês de outubro terminou, mas a campanha Orgulho Prateado, promovida pela USP Aberta à Terceira Idade, continua. Nos próximos meses o resgate de depoimentos de quem já foi vítima de preconceito prossegue no site www.prceu.usp.br/3idade. E na última semana, a programação contou com uma série de eventos entre eles o Simpósio Ageísmo e Direitos Humanos, no Centro Universitário Maria Antônia (Ceuma), e o evento Orgulho Prateado: Rompendo Estereótipos, na Unibes Cultural.

“A campanha foi muito bem. Nós conseguimos ter uma série de vinculações em mídias diferentes e isso fez com que muitas pessoas fossem sensibilizadas. Nos nossos eventos também algumas pessoas foram sensibilizadas”, avalia o professor Egídio Dórea, responsável pela campanha Orgulho Prateado e coordenador da USP Aberta à Terceira Idade.

Os depoimentos recolhidos devem ser compilados no fim do próximo ano e vinculados no mesmo site. “Obviamente faremos eventos não somente no mês de outubro do ano que vem, mas durante todo o ano. Essa campanha continuará e a sensibilização também. A nossa proposta é criar uma cultura de combate e conscientização ao preconceito pela idade e transformar nossa sociedade em uma sociedade mais diversa e igualitária”, destaca o professor.

Tanto no simpósio como no evento da Unibes, Egídio Dórea fez a abertura com a palestra “Ageísmo e seu impacto na sociedade”. Sem o termo ainda definido para o preconceito pela idade, a palavra ageísmo foi criada pelo médico psiquiatra e gerontologista Robert Butler. Há quem fale em idadismo, velhofobia, entre outras palavras usadas para falar sobre o preconceito baseado nas crenças e estereótipos negativos sobre o envelhecer.

Assim como outros tipos de preconceito, segundo Egídio, o ageísmo se dá no nível pessoa com a visão negativa sobre o que é envelhecer, associado às perdas; interpessoal, quando o outro demonstra esta atitude, e institucional, cada vez mais presente, especialmente, em serviços de saúde e no mercado de trabalho.

E mesmo atualmente, quando tanto se fala em diversidade são raras as ações para incluir as pessoas mais velhas, principalmente em empresas. Para o professor, o preconceito pela idade é o mais universal, pois atinge a todos que envelhecem como também aqueles que envelhecerem, e ainda se acumula a outros como o racismo e sexismo.

Entre os motivos para o ageísmo, de acordo com Egídio, estão a valorização da juventude e da força física apesar do avanço e potencial da economia prateada; a tecnologia quando se acredita que a pessoa idosa não vai conseguir se inserir, e a autopercepção negativa sobre o próprio envelhecimento.

O combate ao preconceito se faz com campanhas como o Orgulho Prateado com foco na sensibilização e conscientização para o reconhecimento e visibilidade das diferentes velhices. Egídio defendeu o orgulho de dizer a idade que se tem e não omitir e que a experiência adquirida é insubstituível.

Ceuma

Em parceria com a Prefeitura de São Paulo, por meio da Coordenadoria de Políticas para Pessoa Idosa, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania, nos eventos foram lançados uma cartilha de combate ao ageísmo. No auditório do Centro Universitário Maria Antônia (Ceuma) falou ainda o ex-ministro da Justiça e presidente da Comissão de Direitos Humanos da USP, José Gregori, que em 2020 completará 90 anos; Sandra Gomes, da Coordenaria de Políticas para a Pessoa Idosa, e a promotora de Justiça de Direitos Humanos, Claudia Beré.

Com seus 89 anos, o ex-ministro diz ter orgulho da idade e cada vez mais capaz de compreender a vida. Ele afirmou que não poderia deixar de reconhecer que a velhice depende de cada um e não pode ser vista como uma agressão à vida. Por isso a importância de uma atitude ativa e construtiva. E na questão dos Direitos Humanos ressaltou sua capacidade de obstinação, uma indignação que não passa em defesa da vida.

Sandra destacou os instrumentos legais como o Estatuto do Idoso (2003) e a Convenção Interamericana sobre a Proteção dos Direitos Humanos dos Idosos (2015). E assim com a secretária adjunta da Pessoa com Deficiência da cidade de São Paulo, Marinalva Cruz, no Fórum Cultura + Diversidade (leia a matéria aqui), Sandra questionou o termo minorias. Como se são 45 milhões de pessoas com deficiência, 26 milhões de pessoas idosas, os negros correspondem a aproximadamente 55% da população brasileira e a estimativa é que as pessoas LGBT representem 10%?

O acesso à informação, segundo Sandra, capacita as pessoas a defender seus direitos e garantir condições mais favoráveis de existência. Ela destacou a necessidade de mudança do imaginária, da reflexão sobre o ageísmo, evitando a infantilização com, por exemplo, o uso de palavras no diminutivo e também o uso de termos inadequados como melhor idade, maioridade e feliz idade. O que se pretende é o direito a acolhimento digno, inclusão social, participação social e visibilidade.

Pela Coordenadoria municipal, Sandra destacou o Plano Municipal Intersetorial de Políticas Públicas para o Envelhecimento que inclui o Selo de Direitos Humanos e Diversidade, o Grande Conselho Municipal do Idoso, Espaço Longevidade, a Conferência dos Direitos da Pessoa Idosa, cursos, campanhas, palestras e capacitações, Escola dos Conselhos, Fundo Municipal do Idoso, entre outras ações e programas.

O encerramento do Simpósio sobre Ageísmo e Direitos Humanos foi feito por Claudia Beré, promotora de Justiça de Direitos de Humanos. Sua palestra foi sobre “Estatuto do Idoso, Brasil e Direitos Humanos. Que trilogia é essa?”. Destaque também para a matéria sobre o seminário “Orgulho Prateado – Rompendo Estereótipos”, realizado na Unibes. (Katia Brito)  

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