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Indicadores de SP evidenciam desigualdades entre idosos

As desigualdades do envelhecer na cidade de São Paulo saltam aos olhos, e agora estão evidenciadas em importantes indicadores. A proporção de pessoas idosas analfabetas, por exemplo, em 2010 superava 25% em bairros do extremo da região Sul da cidade de São Paulo. Região que também registra os mais altos índices de violência contra idosos. Estes são alguns dos dados que fazem parte dos Indicadores Sociodemográficos da População Idosa Residente na Cidade de São Paulo, lançado no dia 11 de fevereiro pela Coordenadoria de Políticas para Pessoa Idosa, da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.

Elaborado por Renato Souza Cintra, sociólogo e mestre em Demografia, o material tem como fontes de dados principais o Censo Demográfico de 2010 do IBGE, Projeções Populacionais da Fundação SEADE e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) da Secretaria Municipal da Saúde.

Os indicadores apresentam números de todos os 96 distritos da cidade e são divididos em quatro dimensões: Características Demográficas, Condições de Vida, Habitação e Saúde, além da rede de serviços para pessoa idosa nas cinco macrorregiões da cidade – Sul, Leste, Oeste, Norte e Centro. Acesse o material completo no link.

Ana Claudia Carletto, secretária de Direitos Humanos e Cidadania, e Marinalva Cruz, secretária-adjunta da Pessoa com Deficiência, participaram da abertura do evento ao lado de Sandra Regina Gomes, responsável pela Coordenadoria. Ana Claudia destacou a importância dos dados para a construção de políticas públicas. Segundo ela, é possível mudar a realidade a partir de políticas para os mais vulneráveis.

Renato Cintra Indicadores Pessoa Idosa Coordenadoria Políticas
Renato Cintra preparou o levantamento

Cintra foi quem apresentou os dados no evento de lançamento e ressaltou que a estrutura dos indicadores tem como objetivo facilitar o entendimento por qualquer pessoa e a divisão das informações por distrito. O especialista também destacou que embora tenha se baseado em dados de 2010, os indicadores evidenciam uma realidade que não muda rapidamente.

Vamos aos números. Um dos dados que chama a atenção, mesmo sendo de 2010, é a proporção de pessoas idosas analfabetas acima de 25% em quatro bairros da região Sul: Marsilac (26,96%), Parelheiros (25,87%), Grajaú (25,71%) e Jardim Ângela (25,54%). Na região Norte, o destaque negativo é Anhanguera (25,74%). A média da cidade foi de 9%.

Marsilac também tinha em 2010, de acordo com os indicadores, 90% dos idosos residindo em locais inadequados. O IBGE classifica como domicílios não adequados quando há mais de dois moradores por dormitório, não há abastecimento de água, coleta de lixo e esgotamento sanitário ou fossa séptica.

Negros

A maior proporção de idosos negros (pretos ou pardos, de acordo com o levantamento) está nos extremos da cidade. Jardim Ângela, na região Sul, e Itaim Paulista, na região Leste, têm em torno de 56% de idosos negros. Os números também são de 2010, mas não é difícil comprovar que retratam uma realidade que não mudou muito.

A grande proporção de idosos negros nestes distritos contribui para aumentar a média na cidade, que foi de 24,7% em 2010. Porém, não quer dizer que cerca de um quarto dos negros idosos estavam espalhados pelos distritos da cidade. Os indicadores apontam que em 24 dos 96 distritos de São Paulo a proporção não chegava a 10%. No Jardim Paulista e Moema, por exemplo, era de 2,8%.

Os extremos das regiões Sul e Leste também registram as maiores taxas de violência contra idosos. Os cinco distritos mais violentos são Parelheiros, Jardim São Luís e Grajaú (Sul) e Itaim Paulista e Ermelino Matarazzo (Leste).  

Menos 14 anos de vida

Outro dado gritante já mais recente de 2017 é a diferença de expectativa de vida ao nascer que chega a 14 anos. No Alto de Pinheiros, com a melhor expectativa, é de 85,33 anos, e no pior São Miguel Paulista é de 71,28 anos, abaixo da média da cidade, que é 76,80.  

Envelhecer

O Sacomã deve ser o distrito de São Paulo com mais idosos em 2030. De acordo com o levantamento, serão 56.347 pessoas idosas. Em 2010, o destaque era o Jabaquara, com 29.839 idosos, e em 2015, foi Sapopemba, com 34.462. A projeção é que em 2020 e 2025, a população idosa seja maior em Sapopemba, com pequena variação sobre o Sacomã, em torno de 41 mil (2020) e 48 mil (2025).

Já Marsilac, no extremo da região Sul, deve manter-se como o distrito com o menor número de idosos. Em 2010, eram 764 e até 2030, as projeções indicam pouco mais de 1.500 pessoas idosas. Já em termos de taxa de crescimento, o maior percentual é registrado em Anhanguera, chegando a 8,55% entre 2015 e 2020. O distrito tinha em 2010 3.034 idosos e em 2020, a estimativa é de 10.558.

Em toda a cidade a proporção de idosos passou de 11,9% em 2010 para 15,2% em 2019. E parte desses idosos vive sozinho. Em 2010, quatro distritos da região Central tinham uma proporção muito acima da média da cidade, que era de 14,9%: República (45,1%), Brás (31%), Sé (27,9%) e Santa Cecília (27,7%).

Sandra Gomes Alessandra Gosling Renato Cintra Indicadores Pessoa Idosa Coordenadoria Políticas
Sandra Regina Gomes, Alessandra Gosling e Renato debataram os resultados com o público do evento

Políticas públicas

Sandra Regina Gomes conversou com o blog Nova Maturidade ao final do evento e ressaltou a importância dos dados para embasar políticas públicas. “Para ter uma politica pública que atenda as demandas da população idosa, é muito importante que a cidade conheça essa população, porque numa cidade como são Paulo com quase 1,8 milhão pessoas idosas que moram em 96 distritos nenhuma é parecida com a outro, cada um tem a sua demanda e cada um tem o seu velho”.

Especialista em Gerontologia e mestre em Gestão e Políticas Públicas, Sandra destacou que a singularidade da velhice: “Cada pessoa tem sua característica e nós temos que respeitar isso. Justamente fazendo com que conheçamos os dados, e uma das formas é através do diagnóstico para implantar serviços, sensibilizar gestores, envolver toda a sociedade civil e dessa forma conseguir mais orçamento para os serviços”. Conheça mais sobre o trabalho da Coordenadoria de Políticas para Pessoa Idosa no link. (Katia Brito / Imagem principal Ravena Rosa/Agência Brasil)  

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