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Valéria Barrio Novo Gonçalves

Como não acelerar o processo de dependência funcional e fragilidade dos idosos?

photo of woman showing her cellphone to her grandmother
Photo by Andrea Piacquadio on <a href="https://www.pexels.com/photo/photo-of-woman-showing-her-cellphone-to-her-grandmother-3768140/" rel="nofollow">Pexels.com</a>

“É fácil trocar as palavras, difícil é interpretar os silêncios! É fácil caminhar lado a lado, difícil é saber como se encontrar! É fácil beijar o rosto, difícil é chegar ao coração!…” (Fernando Pessoa)

Valéria Barrio Novo Gonçalves*

Quem de nós nunca se viu diante de uma pessoa idosa com dificuldades para abrir um pacote de bolachas e prontamente se ofereceu para ajudar? Com certeza vários de nós já fizemos isso e, sem dúvida, com a melhor intenção possível.

Mas a pergunta é… devemos agir dessa forma? A resposta é não. Ao invés de fazer por eles, devemos incentivá-los a fazer e a tentar com tranquilidade. Muitas vezes por pressa, falta de paciência ou até mesmo boa vontade, passamos a fazer tudo pelos nossos idosos. Com isso, ao longo do tempo, eles perdem diversas capacidades que ainda poderiam ser preservadas e se tornam cada vez mais dependentes.

Temos que nos policiar e incentivar os idosos, dentro de suas individualidades, a realizarem atividades do cotidiano, mantendo-se ativos e com a autoestima preservadas. Os familiares e cuidadores devem prezar pelo bem-estar e segurança dos idosos, mas isso não representa fazer por eles atividades que eles ainda são capazes de realizar.

Em uma palestra que assisti, ministrada pela Dra. Ana Claudia Quintana Arantes, médica geriatra, ela mencionou que dentro de sua experiência em cuidados paliativos, o que é mais difícil para as pessoas enfrentarem é a incapacidade antes mesmo do que a morte. Ou seja, se tornar incapaz de realizar atividades básicas, perder a independência e a autonomia é um grande tormento no processo de envelhecimento, portanto temos que descomplicar as situações diárias dentro das nossas possibilidades.

Facilite a rotina

Existem algumas alternativas simples que facilitam, por exemplo, o dia a dia daqueles que possuem algum declínio de visão e de coordenação motora,  como promover o contraste de cores entre os utensílios e a toalha de mesa no momento das refeições, selecionar utensílios adequados (canecas com alças largas, pratos fundos com aparadores, suporte antiderrapante para evitar o deslize, talheres com cabos largos, entre outros) e de preferência de material inquebrável.

woman wearing pink dress holding fruit
Estimule hábitos saudáveis (Photo by Italo Melo on Pexels.com)

Dentro da rotina diária é importante estimular o idoso a manter hábitos saudáveis e a se manter em movimento, como por exemplo, arrumar a própria cama, levantar-se para buscar água, estender e dobrar roupas, preparar refeições simples, principalmente se o ato de cozinhar for algo prazeroso para a pessoa. Além de manter uma alimentação saudável e equilibrada. Sempre com respeito a individualidade e às limitações de cada pessoa.

Quando nos antecipamos e fazemos tudo, inconscientemente estamos tornando os idosos dependentes e frágeis, pois a inatividade ou sedentarismo pode causar ou acentuar problemas físicos e não físicos como a perda ou diminuição de massa muscular, a perda de equilíbrio, o isolamento afetivo, a perda da autoestima e com isso há um comprometimento da saúde física e mental.

Alzheimer

Em contrapartida, manter o cérebro ativo pode postergar o surgimento dos sintomas de doenças como a Doença de Alzheimer. Nesse mês de setembro, que é o Mês Mundial da Conscientização da Doença de Alzheimer, cabe aqui refletirmos sobre esse tema cada vez mais comum entre nós. Vamos avaliar o que cada um de nós pode fazer como indivíduo dentro da nossa sociedade.

É fato que cada pessoa acometida pela doença tem características em comum devido ao diagnóstico, mas não podemos esquecer que cada pessoa tem sua individualidade, uma história de vida, preferências, gostos, dignidade e temos que respeitar e preservar esses fatores antes de qualquer atitude.

Devemos olhar para a pessoa, saber quem ela é, o que ela gostava de fazer antes do diagnóstico, quais eram os seus hábitos para assim poder trazer algo que realmente seja prazeroso, motivador e propicie qualidade de vida.

Portanto, familiares, amigos e cuidadores. Comecem de onde estiverem, usem o que tiverem ao alcance e façam o que puderem. Façam a diferença na vida das pessoas ao seu redor, interpretem os silêncios e cheguem aos corações.

Valéria Barrio Novo Gonçalves*

Valeria Barrio Cuidado Cuidadores Cuidare

Graduada em Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior e pós-graduada em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sempre foi apaixonada pelo tema do envelhecimento. Pós-Graduanda em Gerontologia na Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), realizou cursos como de Estimulação Cognitiva para Idosos pela Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

Valéria, que estreou em junho como colunista do blog Nova Maturidade, é responsável pela Cuidare Santo Amaro, uma franquia de Cuidadores de Pessoas – idosos, adultos e crianças, com ou sem necessidades especiais. Para conhecer mais sobre a Cuidare Santo Amaro, entre em contato pelos telefones (11) 4281-2717 ou (11) 93435-1977 ou pelo e-mail santoamaro@cuidarebr.com.br.

A periodicidade da coluna é mensal. Confira também o texto de estreia de Valéria Barrio: Cuidados e cuidadores em meio á pandemia.

(Imagem principal Pexels)

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