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Valéria Barrio Novo Gonçalves

Alzheimer – A arte de lutos e renascimentos diários

Alzheimer luto e renascimento - Valéria Barrio

“Se um dia eu não puder mais ir até você, não se esqueça de vir até a mim.

Se um dia eu não puder lembrar seu nome, venha me lembrar quem você é.

Se um dia eu não puder expressar meu orgulho e amor por você, apenas sinta que em minha alma nada disso se perdeu.

Você continua e continuará sendo parte importante da minha vida!!”

*Valéria Barrio Novo Gonçalves

Com o envelhecimento da população brasileira temos observado o aumento da incidência de demências relacionadas a idade avançada. Dentre as principais está a Doença de Alzheimer. A grande maioria das famílias só decidem buscar ajuda quando seu familiar já em fase avançada onde necessitam de mais cuidados e se tornam mais dependentes.

A doença se manifesta através da perda gradativa da função cognitiva, afetando inicialmente a função intelectual, com alterações de humor e de comportamento, consequentemente a esses sinais surgem desorientação, perda de memória, imobilidade e perda da funcionalidade.

Mesmo assim é importante destacar que, quando a doença é diagnosticada precocemente, é possível retardar seu avanço com medicamentos específicos e com a estimulação cognitiva, proporcionando assim qualidade de vida para o paciente e a família.

Desafios do cuidado

Claro que o processo de aceitação da doença é angustiante e causa muitas aflições. É importante lembrar de que se trata de uma doença progressiva, sem cura, onde a vida muda em um instante e o mais difícil é encarar as limitações e incapacidades que a doença traz. A família, embora tenha que lidar com essa realidade, muitas vezes não sabe como fazer e não estudou para isso.

Nós somos preparados para crescer, estudar, ter uma profissão, se casar, ter filhos, netos, mas nós não fomos preparados para cuidar de um familiar acometido pela Doença de Alzheimer. A orientação e a reorganização da rotina de todos é necessária para que o processo não seja tão doloroso.

Não é um conto de fadas, a decepção, a tristeza, o sentimento de luto vão bater vez ou outra, mas cada dia é um recomeço, onde quem convive com alguém que tem Alzheimer muitas vezes ouvirá histórias repetidas e conduzirá a rotina das atividades do dia a dia várias vezes.

Com o passar do tempo é percebido que aquela pessoa que conhecíamos tão bem, está diferente, tem novos hábitos, novas necessidades, novos desejos, mas está ali e merece respeito e dignidade, pois quem envelhece já deu a sua contribuição a humanidade. Há de ter políticas públicas de apoio, formação, de cuidados de saúde (com o paciente e com o cuidador) e de atenção ao idoso em todas as situações.

A pessoa com demência é o reflexo do que o cuidador sente, portanto quem cuida precisa ser cuidado para poder oferecer o que tem de melhor com leveza. É possível criar novos momentos, novas memórias, novas rotinas, viver de forma diferente e com qualidade com aquela pessoa que muitas vezes não reconhecemos mais, mas podemos aprender e aceitar a conviver com o novo.

Alzheimer é a arte dos lutos diários, mas também é o renascer para uma nova história.

*Valéria Barrio Novo Gonçalves

Valeria Barrio Cuidado Cuidadores Cuidare

Graduada em Administração de Empresas com Habilitação em Comércio Exterior e pós-graduada em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), sempre foi apaixonada pelo tema do envelhecimento. Pós-Graduada em Gerontologia na Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), realizou cursos como de Estimulação Cognitiva para Idosos pela Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

A colunista do blog Nova Maturidade é responsável pela Cuidare Santo Amaro, uma franquia de Cuidadores de Pessoas – idosos, adultos e crianças, com ou sem necessidades especiais. Para conhecer mais sobre a Cuidare Santo Amaro, entre em contato pelos telefones (11) 4281-2717 ou (11) 93435-1977 ou pelo e-mail santoamaro@cuidarebr.com.br.

A periodicidade da coluna é mensal. Confira também o texto de estreia de Valéria Barrio no ano passado: Cuidados e cuidadores em meio á pandemia.

(Imagem principal de Gerd Altmann por Pixabay)  

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