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Alexandre Kalache: revolução da longevidade, desigualdades e desafios

O envelhecimento da população é um desafio mundial, principalmente para países como o Brasil. Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil (ILC, sigla em inglês) e co-presidente da Aliança Global dos ILCs, desde 1975 se dedica ao tema. E enquanto a França demorou 145 anos para viver a revolução da longevidade, segundo Kalache, no Brasil e no Chile, por exemplo, a pirâmide etária se inverteu em apenas duas décadas.

Para debater os desafios da revolução da longevidade, o ILC reuniu especialistas brasileiros, do México, Uruguai, Chile, Argentina e Alemanha. O Simpósio Internacional Envelhecimento Ativo – Promovendo saúde, prevenindo doenças ocupou o auditório da Unibes Cultural nos dias 8 e 9 de agosto. O blog Nova Maturidade acompanhou o evento e apresenta os principais temas. A intervenção no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa (CNDI) já foi destaque no blog. Leia a matéria aqui.

Kalache fez a abertura do simpósio, destacando o Marco Político do Envelhecimento Ativo da Organização Mundial da Saúde (OMS). São vinte anos desde a comemoração do Ano Internacional do Idoso em 1999. A consolidação veio três anos depois com a Assembleia Mundial das Nações Unidas sobre o Envelhecimento, mudando a forma como se falava e se trabalhava o tema.

O marco político da OMS de 2002 define envelhecimento ativo como o processo de otimizar as oportunidades de saúde, participação e segurança e proteção ao longo da vida, sobretudo para os mais dependentes e desamparados, de acordo com o presidente do ILC. Posteriormente foi incluída a educação continuada para aprender a ter discernimento, desenvolver o espírito crítico, as novas tecnologias e permitir que as pessoas se reinventem.

Saúde, educação, participação e segurança são os capitais essenciais para envelhecer de forma ativa e saudável, como sempre destaca Kalache, e estão associados a determinantes econômicos, sociais, ambientais, comportamentais e o acesso a serviços de saúde e sociais, permeados por questões de gênero e cultura.

O protagonismo da pessoa idosa é apontado por Kalache como principal fator para o envelhecimento ativo. Porém, o esforço individual precisa encontrar suporte na sociedade. É preciso atenção às vítimas das desigualdades, que não têm a oportunidade de um estilo de vida adequado, convivendo com problemas como a subnutrição e a falta de atenção primária em saúde.

Kalache listou ainda a necessidade de ir além de exigir mais trabalho e atividades físicas para alcançar o envelhecimento ativo. Para ele é fundamental a prevenção e promoção em saúde, tema do simpósio, com a participação de todos, das mais diferentes áreas e setores, para a independência e autonomia da pessoa idosa.

Políticas

O impacto de políticas que possam retardar o começo de doenças crônicas, não transmissíveis, em 8, 10 anos, será imenso na manutenção da capacidade funcional, de acordo com Alexandre Kalache. Por isso a necessidade de políticas públicas que possam responder à revolução da longevidade vivida pelo Brasil e os países vizinhos. Números divulgados por ele indicam que mantida a taxa de crescimento econômico atual entre 2% e 5%, a renda média do brasileiro terá em 2026 o mesmo valor de 2012.

Os desafios para o envelhecimento ativo no Brasil, segundo Kalache, é vencer a desigualdade crescente, a epidemia da solidão, o desamparo e desagregação das famílias, as epidemias modernas (obesidade, diabete e demências), desenvolver uma cultura do cuidado sustentável e economicamente viável, pautada pela compaixão, e uma perspectiva de direitos, para que todos possam ter uma renda mínima.

Tempo e resiliência

E como Alexandre Kalache frisou na apresentação em espanhol: “Quanto más temprano mejor / Nunca es demasiado tarde”, ou seja, “Quanto mais cedo melhor / Nunca é tarde demais”. E destacou ainda a resiliência. O acesso às reservas necessárias para adaptar-se, suportar e crescer a partir dos desafios que surgem ao longo da vida mais longeva.inda encontrar um propósito para que a pessoa siga contribuindo com a sociedade. Saiba mais sobre o ILC no site e na página no Facebook. (Katia Brito)

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